2009 Serpa
    Com a presença de
Reinterrogar a Imagem Política

Ainda nas cinzas dum século que foi da política e do cinema, como pensar hoje as relações entre estes dois campos? Começando por evocar gestos seminais de uma época em que já tinham sido questionados radicalmente os termos dessa dicotomia (a viragem dos anos sessenta para setenta), avançamos depois para filmes recentes que nos ajudam a pensar o intervalo decorrido e a abertura de novos ciclos. Por um lado, obras em que pesa a agonia dum tempo – a política depois da política do século XX, a política depois da política. Por outro, explorações cinematográficas de territórios marcados pela memória, ou pela ruína desse tempo. Por outro ainda, novos libelos políticos directos que, num equilíbrio hoje raríssimo, se desenrolam também como um discurso sobre o uso da imagem. Algumas pistas, num programa que não se pretende sistematizador, antes é feito de interrogações parciais, de títulos que podem abrir fendas nos clichés que perduram. Ainda e sempre: o que é uma imagem política?

16 Junho, Terça
Sessão #1, Noite
La Rabbia
1963, 83 min
Pier Paolo Pasolini

“Um ensaio polémico e ideológico sobre os acontecimentos dos últimos dez anos. São documentos retirados de jornais filmados e de curtas-metragens, e montados de modo a seguir uma linha cronológico-ideal, cujo significado é um acto de indignação contra a irrealidade do mundo burguês e a sua consequente irresponsabilidade histórica. Para documentar a presença de um mundo que, ao contrário do mundo burguês, conhece profundamente a realidade. A realidade, ou seja, um amor verdadeiro pela tradição que só a revolução pode trazer.” – Pier Paolo Pasolini

17 Junho, Quarta
Sessão #2, Manhã
Terra em Transe
1967, 115 min
Glauber Rocha

Uma obra-prima do movimento do Cinema Novo Brasileiro e o filme mais influente de Glauber Rocha (1938-1981), Terra em Transe é um espectáculo intenso, operático, que transmite um sentido real da violência e da irracionalidade que caracterizam a política eleitoral num país marcado pelo subdesenvolvimento. “Apesar de o estilo ser irregular, podem ver que a câmara está sempre posicionada como se se tratasse de um documentário”, disse Rocha. O protagonista é um jornalista-poeta que troca o seu meio elitista pela política radical, apenas para se desencantar com os seus novos camaradas, do mesmo modo que se havia desiludido com o que considerava ser a cobardia da classe intelectual.

J.
2008, 12 min
Eduardo Escorel

Em J., Eduardo Escorel mostra a fragilidade da rede de protecção de direitos humanos a partir da história do líder comunitário da Favela Kelson, no Rio, que denunciou a acção criminosa da milícia no local.

O Tempo e o Lugar
2008, 98 min
Eduardo Escorel

Trajectória de Genivaldo, agricultor familiar da região semi-árida de Alagoas. Membro leigo da Igreja Católica, foi líder do Movimento Sem Terra e candidato a prefeito da sua cidade natal. Hoje, continua fiel à sua vocação de activista político, distante de igrejas, movimentos e partidos.

Sessão #3, Tarde
Territórios
2009, 11 min
Mónica Baptista

No mítico comboio transiberiano, no vagão da terceira classe, podem ovir-se todo o tipo de histórias. Pessoas de diversas nacionalidades juntam-se aos locais, trabalhadores, soldados, estudantes… todos partilham o mesmo tempo e o mesmo espaço… e ao longo da viagem, partilham histórias sobre as suas vidas. O filme é sobre uma dessas histórias, entre outras possíveis. Dois homens viajam no mesmo comboio, um soldado russo e um homem tchetcheno, com a sua família, a regressar da terra-mãe, com uma ligação em comum que desconhecem, a Tchetchénia. Uma guerra pela independência, por um território de que a Rússia não abdica, transforma todos os tchetchenos em soldados, logo à nascença.

Revolutsioon Mida Polnud
2008, 96 min
Aliona Polunina

Rússia, 2007, exactamente um ano antes das próximas eleições presidenciais. A oposição está decidida a agir e a tomar poder. As duas figuras centrais, Anatoly e Andrei, são revolucionários veteranos. Foram membros de uma organização política banida durante mais de dez anos. A política, no entanto, apenas serve de pano de fundo à acção principal, dando o ambiente em que existem os protagonistas. É uma história de orgulho, de traição, e do começo de uma vida nova.

Debate colectivo I
18 Junho, Quinta
Sessão #4, Manhã
Ruínas
2009, 60 min
Manuel Mozos

Fragmentos de espaços e tempos, restos de épocas e locais onde apenas habitam memórias e fantasmas. Vestígios de coisas que o tempo, os elementos, a natureza, e a própria acção humana modificaram e modificam. Com o tempo tudo deixa de ser, transformando-se eventualmente numa outra coisa. Lugares que deixaram de fazer sentido, de ser necessários, de estar na moda. Lugares esquecidos, obsoletos, inóspitos, vazios. Não interessa aqui explicar porque foram criados e existiram, nem as razões porque se abandonaram ou foram transformados. Apenas se promove uma ideia, talvez poética, sobre algo que foi a parte da(s) história(s) deste país.

California Company Town
2008, 77 min
Lee Anne Schmitt

A notável exploração de Lee Ann Schmitt da paisagem californiana e do seu passado utiliza película de 16mm para documentar a história das cidades outrora em expansão, construídas e abandonadas pelas indústrias que se aproveitaram da sua criação. A Califórnia, um território vendido como uma terra em expansão, sem limite e de livre oportunidade, foi, na realidade, desde a sua formação, fracturada pela necessidade cruzada dos interesses privados e públicos. O filme associativo de Schmitt avança recorrendo a uma estrutura temporal livre – as grande indústrias do início do século XX (mineira, da madeira, do óleo), dão lugar às indústrias militares, à chegada das corporações multinacionais e à utilização das pequenas cidades como cidades-satélite das grandes metrópoles urbanas. Schmitt representa a ideologia do progresso e da expansão, e o sentimento tangível de assombração da perda da promessa americana. A ideia de uma ‘cidade da empresa’, mostra Schmitt, desenvolveu-se e mudou ao longo do tempo, mas no fundo as suas circunstâncias permanecem as mesmas; trata-se de assentamentos de serviço desolados em resultado de mudanças económicas; são, e serão sempre, quase exclusivamente varridos para o caixote do lixo da história.

Sessão #5, Tarde
All My Life
1966, 3 min
Bruce Baillie

Um só plano, a descrição de um momento, de uma paisagem, apreender num só gesto a memória de uma passagem, durante o tempo que Ella Fitzgerald demora a cantar ‘All My Life’.

My Near Sleep for Saskia
1972, 10 min
Peter Hutton

“Recorrendo a justaposições de sombra e de movimento, este filme silencioso e surrealmente poético examina as mudanças subtis na luz e na paisagem de Nova Iorque. Hutton impõe ao filme a estética da fotografia e usa a duração da percepção de movimentos e iluminações como dispositivo estrutural.” (Bill Mortiz)

New York, N.Y.
1986, 9 min
Raymond Depardon

Depardon questiona-se sobre a impossibilidade de filmar e apreender uma cidade através do cinema. Filmou quatro minutos todos os dias durante dois meses.

Meditations On Revolution: Part IV: Greenville
2001, 29 min
Robert Fenz

Um estudo de um lutador de boxe num treino ritual e cerimonioso. O treino simboliza a revolução individual de cada um na sua vida e na tentativa de transformar as condições daqueles que o rodeiam; o lutador é um auto-proclamado ex-delinquente que fundou um ginásio para a juventude da sua comunidade.

Meditations On Revolution: Part V: Foreign City
2003, 32 min
Robert Fenz

O último filme da série é o mais singular na sua forma e conteúdo. Dedicado (e fortemente influenciado no seu tom pela morte) do pai do cineasta, esta peça urbana instável é um estudo de uma Nova Iorque expressionista no escurecer e na noite. No centro do filme está o músico e artista Marion Brown, cujo monólogo orgulhoso e cansado se funde com as imagens assombrosas de uma paisagem alienante.

The Filmmaker's Holiday
1974, 39 min
Johan van der Keuken

“Uma fotografia é uma lembrança, uma memória. O cinema é sempre agora”, diz Van der Keuken. Numa pequena aldeia despovoada na região francesa de Aude, um casal de idosos confidencia à câmara do veraneante as suas memórias do passado: guerra, doença, morte… O filme é composto como uma colecção de imagens autónomas que, quando combinadas, formam o universo mental de Van der Keuken: a alegria familiar, fragmentos de alguns dos seus filmes anteriores, uma homenagem ao saxofonista Ben Webster, dois poemas pelos poetas contemporâneos Remco Campert e Lucebert, um retrato do seu avô que lhe ensinou fotografia quando tinha doze anos…

Debate colectivo II
19 Junho, Sexta
Sessão #6, Manhã
Crossings
2006, 10 min
Robert Fenz

Realizado durante a rodagem do filme de Chantal Akerman From the Other Side, Fenz oferece uma visão da fronteira entre os Estados Unidos da América e o México enquanto falha desorientadora, um campo de força abstracto suspensa entre duas nações.

Meditations On Revolution: Part I: Lonely Planet
1997, 12 min
Robert Fenz

Um poema cinematográfico de lânguida beleza com observações poderosas da vida cubana captada em cenas de rua activas e em retratos íntimos. Filmado em Havana velha e central, sem espectáculo ou polémica, Fenz encontra a revolução na firme tenacidade de uma população presa por um passado orgulhoso, em fluxo rumo a um futuro não conhecido.

Meditations On Revolution: Part II: The Space In Between
1997, 8 min
Robert Fenz

Inspirada por um encontro com o arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, a visão de Fenz de um bairro de favela na Rocinha, a maior favela permanente da América Latina, é uma metáfora para a revolução abandonada. As frequentes anomalias técnicas da câmara são momentos escolhidos em que esta comunidade invisível ‘vem à luz’ em lavagens e fugas brilhantes, iluminando a energia inquieta dos residentes em espaços de habitação inquietamente improvisados.

Meditations On Revolution: Part III: Soledad
2001, 14 min
Robert Fenz

A história e a sua relação com o presente são contempladas através de eventos quotidianos, interligados com fragmentos da tradição mexicanas.

Perfect Film
1986, 27 min
Ken Jacobs

“Um noticiário televisivo em bruto de 1965, encontrado, reimpresso tal como foi encontrado (acho que foi num caixote do lixro na Canal Street, não me lembro), à excepção do volume aumentado na segunda metade. Muitos filmes são perfeitos se não lhes tocarmos, perfeitamente reveladores na sua forma in- ou semi-consciente. Gostava que mais material estivesse disponível no seu estado bruto, como fonte primária, material à consideração de qualquer um e deixado a outros nesse mesmo estado, provas não contaminadas pela apropriação artística compulsiva e mal-empregue, pela ‘montagem’, o ‘apontar’ propositado que rasga uma estrada a direito através da cine-selva, convencidos de que estamos a ir para algum lado e sempre a falhar o destino. Para o furo certeiro, precisamos do furo inteiro, ou nada menos que as pistas inteiras e sem reordenação. Ou, para um Museu de Found Footage ou canal por cabo, uma biblioteca, um museu de merda de dejectos reveladores acessíveis a todos aqueles talentosos que vêem/ouvem. Um paraíso selvagem a salvo do Entretenimento.” (Ken Jacobs)

Vertical Air
1986, 26 min
Robert Fenz

Uma colaboração entre o cinema e a música que cria um testemunho sensorial sobre os ideais democráticos através da exploração da relação distinta entre imagem e som, recorrendo à imagética iconográfica norte-americana, à abstracção gráfica e a uma composição musical poderosa do inovador músico jazz Wadada Leo Smith.

Sessão #7, Tarde
Lefteria
209, 30 min
Tiago Afonso

Após um Dezembro de revolta por toda a Grécia, fomos passar 4 dias da segunda semana de 2009 a Atenas, tentar obter o que nos era negado pelos média. Por assim dizer, algo que não fosse confrontos de rua, montras partidas ou carros queimados. Encontrámos estudantes politizados, professores empenhados, sindicalistas corajosos, precários ‘pelas costuras’ e jornalistas revoltados. Lefteria – liberdade é o resultado dos encontros desses dias, e motivou longas discussões após a sua projecção em diversos contextos.

Cobra G8
2009, 10 min
Cobra T e Cobra G

Um homem cobra no meio da multidão, aparece vindo do nada, procurando os rastros do vazio depois dos tumultos. Estamos no penúltimo dia dos confrontos contra o encontro G8 de 2007 e o Cobra, de bloqueio em bloqueio, chega ao fim da estrada da revolta. Quando existe a fobia da imagem, a revolução não é filmada…

Sessão #8, Tarde
No Border (Aspettavo Che Scendesse la Sera)
2005-2008, 23 min
Sylvain George

Paris, cidade aberta. Vertigem das comemorações. Ruínas. Ventos. Marés. Jovens imigrantes Iraquianos, Afegãos, Iranianos erram pelas ruas, por entre a sopa dos pobres e os campos da sorte. Ao partir, colocam em causa a ordem das coisas e a sociedade burguesa. Emerge um movimento de emancipação, profundamente melancólico, elegíaco; redefinir o conceito de revolução por um novo conceito de História.

N'entre Pas Sans Violence Dans la Nuit
2005-2008, 20 min
Sylvain George

A raiva no coração. A direito. As vozes ao alto. Intervenção policial. Outubro de 2006. Um bairro em Paris insurge-se espontaneamente. E o eco do desespero e da cólera não igualam a injustiça que afecta os habitantes dia após dia. Gestus histórico que remete para as lutas populares mais belas, mais ténues, mais frágeis; escravos de Spartacus, insurgidos da Comuna, negros e latino-americanos.

(Contre-Feux Nº 3): Europa Année 06 (Fragments Ceuta)
2006-2008, 12 min
Sylvain George

Rimbaud/Genet/Buñuel/Rossellini/Pasolini. Adolescentes Argelinos sobrevivem num hangar em Ceuta, à espera de passar para a Europa. Sim. Há uma certa ideia da juventude. Da juventude como migração e das migrações como Primavera que emege em cada novo ano. A Primavera ou o despertar dos sexos, diria Pasolini, arte do encontro e do coração vagabundo, e que remete a Europa e a ordem estabelecida àquilo que são: velhos (postura de reclusão. Convervação de si. Medo). Nunca mais lhes poderão escapar!

Debate colectivo III
Sessão #9, Noite
Octobre
1993, 36 min
Abderrahmane Sissako

No segundo filme de Sissako, dois amantes procuram terminar a sua relação impossível durante uma última noite de Outubro em Moscovo. Filmado em Moscovo e Paris, Outubro transmite um sentimento contemporâneo e nostálgico.

Rostov-Luanda
1997, 59 min
Abderrahmane Sissako

Um documentário e um road movie que detalha a busca do realizador para encontrar Baribanga, um amigo Angolano que conhece um dia na Rússia. Sissako viaja por Angola tendo apenas uma velha fotografia como ajuda. Pára para perguntar às pessoas se viram o seu amigo e, ao fazê-lo, cria uma retrato da antiga colónia Portuguesa, um Estado devastado por décadas de conflito civil, no rescaldo da independência.

20 Junho, Sábado
Sessão #10, Manhã
Qu'll Reposent en Revolt (Des Figures de Guerre)
(WIP), 2009
Sylvain George

Primeiras imagens de um filme em curso sobre as políticas de migração na Europa e sobre as mobilizações sociais. Primeiros fragmentos sobre a situação das pessoas migrantes em Calais.

L'impossible - Pages Arrachés
2009, 60 min
Sylvain George

I. Niggerwood (Je brûle comme il faut) Calais, cidade desolada. ‘Everybody knows!’. Brancura de um manto de neve que cobre a cidade. Sombras negras e tutelares, cruzes e Beffroi, que a dominam. Fogos escarlates que a envolvem e a queimam. Figuras e rostos de pessoas que vêm de longe. Párias. Variação sobre paisagens políticas calcinadas e infernais: os corpos-pretos. II. Ballad for a child (On ne te tueras pas plus que si tu étais cadavre) Calais, cidade desolada. ‘Everybody knows!’. Evocação: num pequeno bosque, a ‘selva’, um homem que vem de longe, de um médio oriente em guerra, é assassinado. Foi em Dezembro de 2008. E é a um mundo inteiro, político, que se fará entregar a alma, que entrega a alma. Revolução: passa um homem que vem de longe. E as suas palavras, vestígios e aquilo que dele sobrevive, como um canto, vêm de mais longe ainda. Dos abismos, do esquecimento, do mar e dos desertos, das orlas infinitas. Operam, minoritárias, uma estáse crítica das realidades míticas e maiortiárias: vida nua, estado de excepção… ‘Everybody knows!’ Um homem que vem de longe passa, como um novo Orfeu, político, negro e revoltado. Um homem impossível que nunca mais nada nem ninguém poderá deter… III. Je me suis armé contre la justice (Burn ! Burn ! Burn !) (Resumo em processo de escrita.) IV. Le livre des damnés (La vie française, le sentier de l’honneur!) Como um círculo infernal. Variação sobre a traição e a negação, a curpidela do renegado como medalha, os ‘fundos de pensão’ como futuro, a partir do livro ‘Lettres à ceux qui sont pannés du col Mao au Rotary’ e Guy Hocquenghem (Acrescentaremos “… et à la cour Barkozy…”), e dos filmes de Lionel Soukaz e de ou com Guy Hocquenghem.

Appunti Per Una Orestíade Africana
1970, 70 min
Pier Paolo Pasolini

Notas para um filme proposto, que nunca seria concluído. Combina habilmente três tipos diferentes de material fílmico. (1) Imagens documentais filmadas na Tanzânia, com a voz de Pasolini a comentar as imagens de um modo etnográfico ou a explicar as suas intenções para adaptar a Oresteia de Ésquilo num cenário africano contemporâneo. Estes temas fundem-se na busca dos rostos e locais que serviriam esse propósito. (2) Uma entrevista com estudantes africanos da Universidade de Roma. Pasolini procura ouvir as suas opiniões sobre a pertinência da comparação que estabelece entre a instituição da democracia Grega em Atenas e a independência recentemente adquirida de muitos estados Africanos. (3) Uma sessão de jazz de 12 minutos com Gato Barbieri, onde os músicos interpretam o sonho profético de Cassandra acompanhando os cantores Yvonne Murray e Archi Savage.

Sessão #11, Tarde
Bamako
2006, 115 min
Abderrahmane Sissako

Um tribunal está reunido numa pequena aldeia em África, os juízes com as perucas e os arguentes sérios presidem a uma audiência de cabras e miúdos que guincham, mas não há arguidos e queixosos vulgares nesta alegoria. Aqui, o acusador é a sociedade Africana, e os acusados são nada mais nada menos que o Banco Mundial e outras instituições internacionais, levadas a julgamento por inúmeros crimes, pelo patrocínio à exploração do mundo e à sua pilhagem. Advogados de acusação e testemunhas (interpretados por artistas conhecidos e por intelectuais) oferecem críticas devastadoras dos efeitos reais dos pacotes de desenvolvimento e da ‘economia global’, enquanto os advogados de defesa ajustam as suas perucas e refutam a culpa. Entretanto, entre discursos retóricos e discussões, a vida prossegue no pátio, enquanto Sissako, de forma inteligente, mistura a sua alegoria Brechtiana encenada com a vida constante da realidade africana.

Debate colectivo IV
21 Junho, Domingo
Sessão #12, Manhã
O Cinema, Cem Anos de Juventude
Os Filhos de Lumière

Sessão apresentada pela Associação Os Filhos de Lumière, incluindo a exibição de filmes realizados por alunos da Escola Secundária de Serpa; com Teresa Garcia e Pierre-Marie Goulet.

A Caça
63, 30 min
Manoel de Oliveira

“Dois adolescentes, demasiado jovens para saberem usar uma espingarda, percorrem os pântanos em busca de caça. Zangam-se, separam-se, e um deles enterra-se na lama. Alertado pelos gritos deste, o outro parte em busca de ajusta que, no meio de grande confusão, acaba por se concretizar.” (François Ramase)

Debate colectivo I
Debate colectivo II
Debate colectivo III
Debate colectivo IV
Sylvain George
Cher Sylvain, on n’a pas gardé la couverture, mais…
Sylvain George
“we didn’t cross the borders, the borders crossed us” – Extraits du carnet de bord
Sylvain George
Extraits du manifeste cinematographique
Sylvain George
Un regard pour briser les chaines du présent: rencontre avec Sylvain George – Federico Rossin
Fenz, Baillie, Hutton, Depardon, Van der Keuken, Jacobs
Message to the Grass Roots
Malcolm X
Construire Politiquement
Jean-Michel Frodon
Notes on the Cinematographer
Robert Bresson
Home Movie Making
Maya Deren
Sorcery and the Cinema
Antonin Artaud
Good Morning Revolution
Langston Hughes
Conversation between Robert Fenz and Wadada Leo Smith
Meditations on Revolution, Part V: Foreign City – Robert Fenz interviews Marion Brown
“When I play my music…”
Marion Brown
Meditation on violence
Robert Fenz
Coleman: Skies of America
Ornette Coleman
Bruce Baillie on All my life
Bruce Baillie
Scott MacDonald interviews Bruce Baillie
found poem, by the river I think, 5 – 78
Bruce Baillie
Scott MacDonald Interviews Peter Hutton
New York, N.Y.
Raymond Depardon
Le cinema selon Keuken
Johan van der Keuken
Les Vacances du Cinéaste: entretien de J.P. Fargier avec Johan van der Keuken
Harry Keisler in conversation with Ken Jacobs
Harry Keisler
The paradox of the Perfect Film: The Discovered Image
Tom Gunning
Questions de cinéma
Christa Blümlinger
Mozos, Schmidt, Sissako
Onde teve a sua origem…
Anaximandro
Car…
Boris Pasternak
Avec le temps…
Léo Ferré
Príncipe de Aquitania, en su torre abolida
Jaime Gil de Biedma
Ruínas
Manuel Mozos
Director’s Statement
Lee Anne Schmitt
Interview with Lee Anne Schmitt, by Peter Wong
West ghost
Johnny Ray Huston
Doom towns
Catherine Tafts
Trois beaux documentaires sur le capitalisme
Jacques Mandelbaum
Note d’Intention
Abderrahmane Sissako
Rencontre avec Abderrahmane Sissako, entretien de Walter Ruggle et Martial Knaebel
La Cour est dans la cour
François Bégaudeau
Rostov-Luanda
Christian Iseli
Abderrahmane Sissako: la nouvelle génération
Elisabeth Lequeret
Du “troisième cinéma” à Gilles Deleuze
Samuel Lelièvre
Abderrahmane Sissako: “Filmer n’est pas un bonheur”, entretien de Osangue Silou
Pasolini, Oliviera, Os Filhos de Lumière
Transfiguração do documentário através da fábula fantástica
Annick Fiolet
Conversas de João Bénard da Costa com Manoel de Oliveira
Quinze anos de experiência
Alain Bergala
Quinze ans d’expérience
Alain Bergala
O ano da cor
Nathalie Bourgeois
L’année de la couleur
Nathalie Bourgeois
Cinema na escola, um gesto politico
Teresa Garcia, Pierre-Marie Goulet
Rocha, Escorel, Baptista, Polunina, Afonso, Cobra TG
Terra em Transe
Glauber Rocha
Terra em Transe na imprensa
Maurício Gomes Leite; Marguerite Duras; Yvones Baby; Nelson Rodrigues; Hélio Fernandes
Glauber: expressão revolucionária
Glauber Rocha
Glauber: música
Glauber Rocha
Glauber: cinema e alienação
Glauber Rocha
Glauber numa entrevista a João Lopes
Glauber numa carta a José Carlos de Oliveira
Glauber Rocha
Depoimento de Paulo Rocha
Paulo Rocha
Política e Cinema
Eduardo Escorel
Um raro tipo de herói
Eduardo Escorel
Glauber Rocha: a estrela parabólica
Eduardo Escorel
Fragmentos
Mónica Baptista
I long for Stalin and I want good violence
Elke De Witt
Notas sobre Lefteria
Tiago Afonso
O pixel na tromba
Cobra B
O corpo militante
Cobra K
O bloqueio sonoro
Sound Blockade
A vibração do 8
Dr. Malenko
Continuo sem perceber os cobras
J. Karc
Carta aberta aos cobras
Dr. Geraldo Puckert
Doc’s Kingdom: reinterrogar a imagem politica
José Manuel Costa
O anjo da história
Walter Benjamin
O anjo sem sorte
Heiner Muller
Textes et commentaires
Pier Paolo Pasolini
Lettre à Guareschi
Pier Paolo Pasolini
La Rabbia
António Rodrigues
La Rabbia
João Bénard da Costa
L’ange de la beauté – critique et utopie dans La Rabbia
Thomas Tode
Appunti per un’Orestiade Africana
Sur Appunti per un’Orestiade Africana
Claude Beylie
– Mail Fenz sobre Pasolini
Robert Fenz
Lamento per la morte de Pier Paolo Pasolini
Giovanna Marini
Cículo de Cores
Johann Wolfgang von Goethe
Sobre A Caça, em 1958
Sobre A Caça, em 1963
A “difícil” comunicação de amor de Manuel de Oliveira
Urbano Tavares Rodrigues
Situation de Manuel de Oliveira
Serge Daney
A Caça
M. S. Fonseca
A Caça ou a idade viril da humanidade
João Botelho
A Caça
Maria João Madeira
Participantes
Adriana Bolito, Alex Campos, Alexandre Meire , Ana Filipa Silvestre, Ana Margarida Gil, Ana Sofia Cunha, André Dias, Ansgar Schafer, António Escudeiro, Bárbara Valentina, Blandina Machado, Bruno Cabral , Bruno Gonçalves, Bruno Manuel Batalheiro Ganhão, Carlos Coelho, Carlos Eduardo Viana, Carlos Lobo, Carlos Morais, Carolina Gonçalves, Carolina Louçada, Catarina Alves Costa, Catarina Braga Simão, Cátia Correia, Christoph Wahl, Clara Santos, Daniel Ricardo Alves, David Pinho Barros, Dib Ammour, Diogo Cochat, Elias Ortigosa, Erika Kramer, Eva Ângelo, Filipa Rosário, Francisca Manuel, Gil Gelpi, Helena Inverno, Hiroatsu Suzuki, Inês Mestre, Isidro Sangue, Ivo Ferreira, Joana Maia, Joana Pimenta, Joana Rocha de Bastos Rodrigues, João Matos Almeida, João Paulo Oliveira, José António Mendes, José Carlos da Costa Ramos, José Tavares, Luis Falcão, Luis Ferreira, Luis Filipe Brandão, Luis Filipe Montanha, Luis Miguel Correia, Lurdes Martins, Marcos Morais Sarmento, Maria do Carmo Piçarra, Maria Inês Martins, Maria Joana Fernandes Catherine, Maria Ribeiro Soares, Marisa Fernandes, Miguel Coelho, Nikolai Nekh, Nuno Morão, Olivier Marques, Patricia Leal, Paula Dias, Pedro Miguel Cruz Tavares, Pedro Ramalho, Pedro Rufino, Raquel Pacheco Valadão, Rens van Meegen, Rita Benis, Rogério Taveira, Rossana Torres, Rui Costa Santos, Rui Mendes, Rui, Miguel Gonçalves, Rui Xavier, Sabrina Marques, Susana Carnapete, Susana Dores Matos Viegas, Susana Gomes, Susana Mousinho, Susana Sousa Dias, Telma Saião, Teresa Sousa, Vítor Rosário
Direção
José Manuel Costa
Programação
José Manuel Costa, Nuno Lisboa e Ricardo Matos Cabo, em colaboração com Gérald Collas e Cyril Neyrat
Produção
Maria João Soares e Rita Forjaz
Fotografia do Cartaz
Robert Fenz, Meditation on Revolution Part I: Lonely Planet
Design Gráfico
Vivóeusébio
Gráfica
Ciência Gráfica
Assessoria Técnica (vídeo)
António Medeiros
Tradução Simultânea
Délphine Servoz-Gavin, Janette Ramsay e Salomé Pires
Legendagem Eletrónica
Mariana Wallenstein
Projeção Película
Nuno Canhita, Paulo Nogueira (35mm), António Soares/ Vídeovisão (16mm)
Fotógrafa
Marisa Cardoso
Apoio à Produção
Cinta Benet, Maria Remédio, Marta Maia, Miguel Rato, Rita Tojal, Sílvia das Fadas e Victor Queiroz
Motorista
João Oliveira
Textos de Apoio
Joana Frazão (Edição e Grafismo), Ana Eliseu (Edição, Grafismo e Ilustração), Cobras, Mónica Baptista, Robert Fenz, Sylvain George (Colaboração), Cobras, José Manuel Costa, Manuel Mozos, Pierre Marie Goulet, Sylvain George e Teresa Garcia (Textos originais)
Moderadores de Debates
Cyril Neyrat, José Manuel Costa, Nathalie Bourgeois, Nuno Lisboa, Pierre-Marie Goulet, Ricardo Matos Cabo e Teresa Garcia
Organização
Apordoc
Financiamento
Câmara Municipal de Serpa, Ministério da Cultura, Instituto do Cinema e do Audiovisual e Fundação Calouste Gulbenkian
Apoios
Herdade do Esporão, Vinha de Defesa, Crédito Agrícola, Delta Cafés, Let’s Copy, Queijaria Guilherme, Restaurante Molhó Bico, OPTEC, Navcom, Monte da Morena Agro-Turismo, Espaço Vemos, Ouvimos & Lemos, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema e Cineteca di Bologna
Parceiros
Câmara Municipal de Serpa, Escola Secundária de Serpa, Fundação Europeia Joris Ivens, O Lírio Roxo - Associação Cultural e Associação Os Filhos de Lumière
Abderrahmane Sissako
Filmes apresentados
Octobre, 1993, 36 min
Rostov-Luanda, 1997, 59 min
Bamako, 2006, 115 min
Aliona Polunina
Filmes apresentados
Revolutsioon Mida Polnud, 2008, 96 min
Cobra T e Cobra G
Filmes apresentados
Cobra G8, 2009, 10 min
Leituras
A vibração do 8, Dr. Malenko
Carta aberta aos cobras, Dr. Geraldo Puckert
O bloqueio sonoro, Sound Blockade
Eduardo Escorel
Filmes apresentados
J., 2008, 12 min
O Tempo e o Lugar, 2008, 98 min
Leituras
Política e Cinema, Eduardo Escorel
Um raro tipo de herói, Eduardo Escorel
Lee Anne Schmitt
Filmes apresentados
California Company Town, 2008, 77 min
Leituras
Director’s Statement, Lee Anne Schmitt
Doom towns, Catherine Tafts
West ghost, Johnny Ray Huston
Manuel Mozos
Filmes apresentados
Ruínas, 2009, 60 min
Leituras
Ruínas, Manuel Mozos
Avec le temps…, Léo Ferré
Car…, Boris Pasternak
Mónica Baptista
Filmes apresentados
Territórios, 2009, 11 min
Leituras
Fragmentos, Mónica Baptista
Robert Fenz
Filmes apresentados
Meditations On Revolution: Part IV: Greenville, 2001, 29 min
Meditations On Revolution: Part V: Foreign City, 2003, 32 min
Crossings, 2006, 10 min
Meditations On Revolution: Part I: Lonely Planet, 1997, 12 min
Meditations On Revolution: Part II: The Space In Between, 1997, 8 min
Meditations On Revolution: Part III: Soledad, 2001, 14 min
Vertical Air, 1986, 26 min
Sylvain George
Filmes apresentados
No Border (Aspettavo Che Scendesse la Sera), 2005-2008, 23 min
N'entre Pas Sans Violence Dans la Nuit, 2005-2008, 20 min
(Contre-Feux Nº 3): Europa Année 06 (Fragments Ceuta), 2006-2008, 12 min
Qu'll Reposent en Revolt (Des Figures de Guerre), (WIP), 2009
L'impossible - Pages Arrachés, 2009, 60 min
Tiago Afonso
Filmes apresentados
Lefteria, 209, 30 min
Leituras
Notas sobre Lefteria, Tiago Afonso